"Nesta época, aliás muito antes dela chegar, todo o comércio se mobiliza de forma intensa e até massacrante para nos impor a exigência de enfeitar casas, ruas, árvores. Uma proposta até válida e muito significativa se revelasse o verdadeiro sentido de todo esse movimento. A Gratidão.
As pessoas se abraçam, se beijam, se reúnem, escrevem cartões e expressam nobres sentimentos. Me questiono se isso está baseado na expectativa de ganhar bons presentes ou na Essência que move uma data como esta: agradecer pela vida que existe em nós, naqueles que amamos e em tudo o que nos rodeia.
Independente da crença que te move, da forma pela qual você escolheu manifestar sua fé, é comprovado cientificamente a existência do homem Jesus entre nós. Eu ouso duvidar que exista alguém que jamais tenha ouvido falar sobre a vida e as histórias deste Homem, mesmo que apenas num contexto de histórias passadas de geração em geração.
Autodenominar-se ateu ou não propagar nenhuma religião não impede a nobreza de caráter, a beleza do espírito, a grandiosidade da Alma. Respeitar a medida do outro representa afeto e acolhida, amor ao próximo e a consciência de que o que recebemos será sempre o reflexo daquilo que, antes, foi oferecido.
Me debruço sobre a seguinte cena: um senhor entra em um shopping, de uma grande cidade, em busca de enfeites de natal. Ele encontra uma loja enorme e repleta de tudo que é tipo de enfeites: neve, luzes, árvores, guirlandas, pratos, toalhas, velas, raposas, corujas. Tudo muito organizado e belíssimo. A vendedora se aproxima e o senhor diz o que veio buscar.
– Por favor, eu queria um presépio.
Surpreendentemente, ele ouve:
– O que é isso?
Após respirar profunda e tristemente, ele diz:
– É o menino Jesus na manjedoura, juntamente de seus pais.
E então:
– Isso aí a gente não tem não.
Uma das contradições das entrelinhas desta cena me chama a atenção: se a economia instituiu a época comercial do Natal baseando-se na história do Nascimento de Jesus, por qual motivo o dono da festa não está mais presente na festa?
Mesmo que eu e você não compartilhemos da mesma crença, isso é um grande alerta. A questão aqui é: estamos permitindo que aspectos materiais assumam o controle daquilo que pensamos, fazemos e somos.Estamos “coisificando” nosso existir.
É imperioso refletir sobre a relação que estabelecemos com esse Universo poderoso que está atento a cada um de nossos passos. Não é possível enganar aquilo que nos impulsiona. Eu e você iremos receber exatamente aquilo que ofertarmos. O ego como centro do universo e dono das perguntas e de todas as respostas está sobrepujando a Essência que nutre um existir.
Assunto urgente. Assunto sério. Tema a ser colocado na pauta do dia.
Pense na sua estadia por aqui, no abrir dos seus olhos, na oxigenação de seus pulmões, na sua circulação sanguínea, no pulsar do seu coração, nas sinapses de seu cérebro. É sua a autoria desta obra?
Então é isso mesmo, é bem por aí, é exatamente isso que eu queria te desejar: Feliz Natal!"
Lu Rossi
beijos e carinho, bell
Feliz Natal!