Angelacris77

Katılım: 18.08.2010
A sua essência vale mais que seu status.
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Odalarda: Vegas

QUERO

Quero você inteiro e minha metade de volta

Quero arrancar dores do calendário. Quero extirpar o abatimento dos dias. Quero esquecer o tempo que vai devorando tudo. Quero relembrar os gestos de amanhã.  Quero achar-te de novo quando te encontrei. Quero que a tristeza sucumba junto com as tardes que morre pelos dias afora. Quero administrar de forma sábia, como os poetas, a melancolia.  Quero equilibrar o azul das tardes de agosto. Quero o atraso desse coração tardio. Quero esquecer as horas desses dias que trespassam minhas retinas fatigadas. Quero a doçura dos teus olhos cor de castanha doce. Quero as palavras nunca ditas.Quero tropeçar na minha ternura por ti. Quero o poema que nunca te fiz. Quero as fotografias que nunca tiraremos. Quero os livros que nunca foram escritos. Quero as músicas que nunca foram cantadas. Quero meu sorriso fácil de volta. Quero disfarçar as cicatrizes. Quero continuar no caminho da minha perdição. Quero a bomba relógio apontada ao meu coração.Quero sentir o sol irradiando da sua pele. Quero os suspiros de loucura da inevitabilidade do sentir. Quero me perder no azul e me encontrar no horizonte. Quero me construir outra vez. Quero ser uma sonhadora na solidão de livros abertos.Quero olhar vagalumes e ver fadas. Quero pintar de esferográfica azul, idéias e sonhos bonitos. Quero a mágica em todas a flexões do verbo " viver". Quero a faculdade incoercível de sonhar, transfigurada em realidade. Quero o heroísmo estático de belas teorias. Quero enterrar preocupações com as flores murchas do tédio. Quero sentir nos ombros o cansaço desse amor fadigado. Quero esforço pra continuar dentro do labirinto. Quero levantar a cada queda desse caminho escarpado. Quero nunca seguir pelo menos esse conselho do Caio F.:“ Anota aí pro teu futuro: cair na real .” Quero a frustração do fim do ano. Quero as ridículas resoluções de ano novo. Quero as folhas douradas que acompanham a melancolia do vento. Quero o que resta dos destroços da tempestade. Quero a saia mais leve feita de nuvem. Quero seus braços no fim das minhas mãos, e depois de tua partida escrever por não saber o que fazer com elas. Quero frases de luz e a costura dos remendos das dores. Quero inventar um final para essa história antes que seja tarde pra minha sanidade.Aliás, quero a sanidade também. [ Lia Araújo