VAZIO

sinto falta
dos beijos que não lhe dei
dos versos que não te escrevi
do tempo que eu vivi
longe de sua presença
vivo em estado de carência
de sítio
delírio
vício
dominado por um fogo
que se abranda
num jogo
que perdemos
quimera-miragém
falso oásis
desertos;
de certo
tudo longe
nada perto
fora do alcance da mente
inatingível pelas mãos
vazio inclemente
sem razões.

não chove
sol nem existe
céu preto-branco
estrelas decadentes
cometas evasivos
imagens invisíveis
estação adversa
choque de cáctos
perfurativos
indizíveis
saudade imersa
em uma taça
vazia
de absinto
nada passa
tudo passa
inútil dia
pouco sou
nada sinto
tudo é ausência
que não é presente!...

[gustavo drummond]