mãos vermelhas
vindo da ressaca
contestando o mundo
como ele vive
derrubando tudo...
como fosse o nada
nadando pelo mar gelado
vendo a brisa por um olhar
e não voltar sem ter contado
as estrelas do céu
os grãos de areia do cais
e por um luar não encontrado
fica o encanto de ter buscado
a ilusão de ter ficado
ah, Marília sonhe comigo
diga que sabe
como venho sentido
que o vento me carregue
guie para onde tenho que ir
calmaria que se reste
que os morros subam
a terra revolte
na praia não há ninguém
viva o bastante para me mostrar
o valor das coisas reais
ria a vida até ter paz
o caminho do rio faz o que ele é
chore suas lágrimas no mar
fronte pálida, mãe-d'água
ver-te-ei de manhã
quando meu sonho anunciar
o cessar do meu voar
linda e bela passará
a eternidade tão vívida
em mim concernerá
a sorte, a vida e a morte
o que há, além dos horizontes do meu pensar, do meu sentir, do meu falar, do meu voar
do meu caír
do teu seio
do meu cais
Chore comigo, será divertido
meu choro lavará o seu
eu tenho certeza, que verá esta beleza
quando o meu poema lhe tocar
rubi de ouro irei roubar
e para o Norte levarei
todo seu sofrer, todo seu saber, todo seu arder, todo meu sonhar
alagará as catacumbas, reunirá os seu enfermos
todos se alegrarão, o meu serviço não é só meu
não é só seu
é verdade
é mar
é luar
é amar