"Paciência.
Escuto Lenine e finjo ter paciência. Finjo não me importar com a quantidade de selfies nas redes sociais, avisando onde fui, o que comprei, o que falei e onde caguei. Não devia dizer palavrões. Pode ser que tenha alguma criança na sala. Oras bolas, elas ouvem isso o dia inteiro nos programas de TV. Falar em TV, por ironia finjo ser bem informada pelas desinformações que leio diariamente. O jornalismo, mano, está agonizando faz tempos. Não informa nada que se aproveite. Digo e nego. Assumo quando puder.
Ando fingindo tanto que já nem sei identificar se o nível é aceitável, ou suportável ou infeliz. Tá na hora de tomar as rédeas do que se vive, sem necessariamente precisar esbravejar pérolas para o mundo que já não suporta os porcos. Eu bem que queria viver num mundo melhor, mas é o que se tem para hoje. E hoje, sinceramente a coisa tá feia e eu finjo que tudo caminha como a humanidade( a passos lentos e de má vontade).
Se prende o pobre, mas não escuta o seu testemunho. Se prende rico, o juiz manda soltar sem sequer prestar atenção na quantidade de sequelas causadas pelo meliante, digo sujeito decente, rico nobre e esnobe. Tá difícil viver por aqui sem constranger a sanidade. É melhor fingir que tudo vai bem, mesmo que os valores tenham se evaporado com o calor e a ética tenha sido mandada às favas ou para aquele lugar mais longe que a minha mente pervertida manda, quando alguém extrapola e destila ódio por aí.
Finjo não ter visto nada na fila no banco, embora aquele sujeito bem vestido tenha passado à minha frente só porque sua bolsa está mais cheia do que a minha, que coitada, só possui umas merrecas de moedas para pagar a Internet. Paguei, e deixei em aberto as outras faturas. Não posso viver sem o mundo de redes e fios. Esse é fundamental e é insano, quem não considerar essa máxima.
Claro, finjo ser feliz nas redes sociais e ai de quem contrariar. Acredite se quiser, mas faço tudo que manda as regras de boa convivência virtual. Posto foto, comemoro aniversário, mando correntes e mensagens fofas, desabafo, solto indiretas, conto piadas sem graça e quem rir faça o favor de também curtir. É a vida, mano! A vida que nem pedi a Deus. Ela caiu de bandeja para alegrar meu fingimento que está tudo bem, mesmo estando uma merda, mas isso não preciso postar. Finjo e faço malabarismos, contudo há indicações de que na outra rede não preciso escrever tanto, basta uma frase motivacional e uma foto do quintal. Tudo bem! Tudo indo, uma bosta e eu fingindo emoção. Ninguém faz poesia o tempo todo, exceto quando nasce o filho da vizinha, que por sinal já tem perfil e acredite, eu curti. Não sei se ele viu!
P.S. Por favor, atualizar o status daquele aplicativo. Preciso saber o que andas fazendo e o último status já vi e respondi. "
paciência! a vida é tão rara!
que o dia seja bom!
beijos e carinho, bell
https://www.youtube.com/watch?v=4GFtjl6Gsjk
Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
A vida não para...
Enquanto o tempo
Acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora
Vou na valsa
A vida é tão rara...
Enquanto todo mundo
Espera a cura do mal
E a loucura finge
Que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência...
O mundo vai girando
Cada vez mais veloz
A gente espera do mundo
E o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência...
Será que é tempo
Que lhe falta para perceber?
Será que temos esse tempo
Para perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara...
Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não para
A vida não para não...
Será que é tempo
Que lhe falta para perceber?
Será que temos esse tempo
Para perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara...
Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
Eu sei, a vida é tão rara
A vida é tão rara...
A vida é tão rara...